sábado, 10 de abril de 2010

Protesto e Rebelião




Um aspecto da música “rock” é seu protesto. Não há dúvida quanto a isto. A geração mais jovem tem motivos válidos de protestar contra muita coisa que acontece no mundo hodierno. Certa revista de música popular indicava que, tanto entre os músicos como entre seus fãs, há aqueles que evidenciam “atribulada preocupação com os desvios da hodierna sociedade estadunidense — seu materialismo, seu egoísmo aparente, essa corrida vil para a ilusória realização, a sujeira e estagnação das cidades dessa nação, a letargia do Congresso, as terríveis questões morais suscitadas pela guerra do Vietnam”. E tal preocupação se evidencia na letra de algumas das músicas de rock’n’roll.

Mas, tal tipo de letra de protesto se acha reconhecidamente em minoria. Incomparável maioria das letras de rock‘n’roll expressa sutilmente, oculta ou abertamente, a rebelião dos jovens contra as normas e os princípios da geração mais velha, assim como muitos jovens o fazem por meio de sua aparência e a linguagem que usam. A respeito disso, o escritor Gene Lees declarou que, visto que os jovens sempre tendem a ser rebeldes, e nunca mais do que hoje, “a indústria astutamente lhes vende rebelião — rebelião empacotada, embrulhada e plástica”.

Bem similares são as observações de Daniel F. Greene, conforme publicadas em National Observer, de 15 de janeiro de 1968: “Nada, talvez, reflita mais notavelmente o conflito de gerações do que a nova música. Ecoa todas as outras manifestações da rebelião dos jovens contra a ordem estabelecida — o movimento hippie, o uso de entorpecentes, o protesto social, o pacifismo agressivo, as ridículas roupas da gentalha, a rejeição geral da religião e das convenções morais, e a aversão crônica aos pentes, aos barbeiros e aos institutos de beleza.” Assim, certa letra zomba dos pais por ficarem vendo TV, embora os jovens gastem muito mais tempo vendo TV do que os adultos. Outra música, “Ela Abandona o Lar”, culpa os pais por ela fazer isso.

No entanto, tais letras apenas aumentam o significado do que tem sido chamado de “vitalidade rebelde já presente no ‘rock’”. Assim, ao passo que o censores podem restringir as letras mais ofensivas, não conseguem censurar a rebelião, retirando-a do “rock”, pois é parte da música, do ritmo. Conforme D. Greene observou ainda mais: “Não importa quanto amadureça o lirismo, a batida ainda é a coisa principal na música ‘rock. . . . As palavras, de qualquer forma, são difíceis de ser ouvidas . . . O som da música pop, de fato, sempre foi sua principal atração.” E diz N. Diamond, um compositor de “rock”: “A maioria dos discos não são comprados pelo conteúdo de suas letras, mas pelo seu conteúdo musical. Se a música me cativar, escutarei a letra. Se a música não penetrar em mim, deixa isso para lá.”

Destacando isso, há as palavras de Richard Goldstein, comentarista de larga divulgação no cenário musical moderno. No Times de Nova Iorque, de 24 de novembro de 1968, sob a manchete “Por Que os Jovens Moram o Rock?”, escreveu: “Para se acabar com a revolução do rock, ter-se-ia de banir a própria música, visto que a revolta é inerente à sua natureza, como versão carregada dos blues . . . É fácil esquecer-se . . . de que o rock’n’roll começou como música dos delinqüentes juvenis . . . Os primeiros motins foram . . . ocasionados pela música pop e o súbito livramento da repressão que encorajava. Sua selvageria esquálida suscitou os demônios gêmeos da violência e da vitalidade. Sua incessante intensidade funciona como trilha sonora da revolta.”

Como tudo isso sublinha o dano potencial que jaz na música “rock”! Sugere que os jovens devem ser moderados e extremamente seletivos quanto a se entregarem ao prazer da música “rock”.

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