terça-feira, 13 de abril de 2010

Correntes de Ouro, Carros Caros



Devido à violência ligada ao vício do crack, os jovens traficantes de crack não conseguem conceber a idéia de continuarem vivos. Deveras, eles estão morrendo jovens. “Vou levar uma vida boa antes de partir”, tornou-se a filosofia deles. Muitos estão fazendo exatamente isso. “Todo dia, pode-se ir a uma escola de 2.° grau e ver novos Mercedes, e Jeeps, e Cadillacs, e Volvos”, disse um policial da divisão de narcóticos de Detroit, EUA. “Estes carros são dos garotos, e não de seus pais.” Jovens sem idade para dirigir contratam outros para dirigir para eles. Outros se arriscam e dirigem sem carteira de motorista. Conseguem comprar a vista os seus carros. Quando sofrem um acidente, simplesmente abandonam os carros e fogem.

“Os alunos usam roupas, em qualquer dia da semana, que talvez valham US$ 2.000”, disse uma professora. “A gente vê uma porção de jovens com casacos de pele e grossas correntes de ouro”, disse ela. “O ouro, com efeito, é uma obsessão ampla no caso de jovens do centro da cidade”, noticiou a revista Time, de 9 de maio de 1988. “A onda são os pesados cordões de ouro, que custam até US$ 20.000.” Os distribuidores pagam bem os novatos a seu serviço. Olheiros de nove e dez anos, por exemplo, podem ganhar US$ 100 por dia para avisar os traficantes da presença da polícia. O próximo elo da cadeia é o “pombo-correio”, aquele que entrega a droga do laboratório ao traficante, tarefa que pode render-lhe mais de US$ 300 por dia. Tanto os olheiros como os “pombos-correio” aspiram chegar ao topo, que está bem a seu alcance — ser traficante. Pode imaginar um adolescente, talvez com pouquíssima instrução, obtendo rendimentos colossais de US$ 3.000 por dia? Deveras, a parada é alta, mas o futuro é curto.

Com demasiada freqüência, os males resultantes de os jovens venderem crack são uma faca de dois gumes. Num gume, eles traficam com tóxicos mortíferos que podem destroçar a vida dos consumidores, bem como contribuir para a violência, não raro tornando-se eles mesmos as vítimas. No outro gume da faca, em muitos casos, os pais incentivam os filhos a traficar com o crack. O jovem traficante, com freqüência, é o arrimo de família, utilizando grande parte dos lucros para sustentar uma família que luta com dificuldades. Quando os pais se recusam a corrigir a situação e, em vez disso, fingem que não vêem, eles se tornam cúmplices em incentivar um proceder criminoso.

O que é devastadoramente pior é quando o amor pelo crack transcende o amor da mãe pelos filhos, mesmo pelo bebê por nascer que ela carrega. No próximo artigo, considere a difícil situação do nascituro.

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