terça-feira, 13 de abril de 2010

Os viciados em crack — existe cura?




NÃO há dúvida de que o vício do crack assumiu fantásticas proporções, e o problema tende a avolumar-se. O rádio e a televisão ventilam o problema. Os jornais e as revistas abrem manchetes para ele. Os prontos-socorros hospitalares e os centros de traumatologia deparam-se com sua violência. As maternidades estão repletas de bebês prejudicados por tal vício. Os depósitos de materiais hospitalares estão sendo usados para “estocar” bebês abandonados, em vez de seus estoques de materiais.

Clínicas de desintoxicação e de reabilitação estão tratando jovens que nem chegaram à adolescência. Agências de serviços sociais estão suplicando recursos para combater essa epidemia. Há aqueles que dizem que não conseguem vencer tal vício, e outros que não querem largá-lo. No caso destes últimos, aguarda-os a miséria, a frustração, a violência e, possivelmente, a morte. Para os primeiros, existe esperança.

“Há apenas um ano”, noticiou o The New York Times, de 24 de agosto de 1989, o “crack era amplamente considerado como um tóxico relativamente novo, ainda pouco entendido, mas com características especiais que provocavam um vício quase que impossível de curar”. Atualmente, porém, os pesquisadores verificam que o vício do crack, sob as condições certas, pode ser tratado com êxito, dizia aquele jornal. “O vício do crack pode ser tratado”, disse o Dr. Herbert Kleber, o vice de William J. Bennett, diretor do departamento de diretrizes contra as drogas, dos EUA. A chave, disse ele, é que se dê aos viciados um lugar na família e estruturas sociais em que talvez jamais tenham estado antes. “Habilitação mais do que reabilitação”, sublinhou ele.

Os pesquisadores verificaram que o programa mais eficaz de cura do vício do crack da cocaína tem três estágios — a desintoxicação, o extensivo aconselhamento e o treinamento pessoais, e, o que é ainda mais importante, o apoio no ambiente correto. A desintoxicação, ou tirar o viciado da droga, não é o principal obstáculo. Não raro, devido às circunstâncias, a pessoa consegue fazer isso por si mesma. Não dispor de fundos para adquirir o tóxico pode ser, e muitas vezes é, um dos fatores que contribuem para isso. A prisão numa instituição penal, onde os tóxicos não estão disponíveis, pode ser outro, ou a permanência dele num hospital também demandaria a abstinência do tóxico. O verdadeiro problema, contudo, é impedir que o viciado retorne ao tóxico, quando este se torna disponível para ele.

Embora alguns viciados tenham rompido com êxito os grilhões do crack, quando submetidos a programas especialmente arranjados de tratamento, os especialistas em tais tratamentos sublinharam que a maioria dos viciados jamais consegue romper com isso nas primeiras semanas. Por exemplo, o Dr. Charles P. O’Brien, psiquiatra da Universidade de Pensilvânia, disse que dois terços dos viciados alistados em seu programa de tratamento o abandonaram no primeiro mês. Outros programas tiveram ainda menor êxito.

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