quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A mensagem do rap

Considere o rap, por exemplo. No rap, as letras — gírias rimadas da selva urbana — são faladas, não cantadas, ao acompanhamento duma batida forte. É claro que não há nada inerentemente mau nessa proposta. Muitas canções populares com o correr das décadas incorporaram a palavra falada. Mas o rap muitas vezes leva essa idéia a extremos.

Segundo consta, o rap (ou hip-hop) popularizou-se na década de 70 em pequenas boates de Nova Iorque, freqüentadas por jovens dos bairros pobres. Quando os disc-jóqueis começaram a recitar letras rimadas, com percussão gravada como acompanhamento de fundo, os dançarinos corresponderam quase a ponto de histeria. O rap logo saiu das ruas e clubes de porão para as paradas de sucessos. Grupos e cantores de rap de nomes tão ousados como sua música — Public Enemy (Inimigo Público), M. C. Hammer (Mestre de Cerimônias Hammer) e Vanilla Ice (Sorvete de Baunilha) — logo enchiam as ondas do ar com seu tipo estrondoso de música.

É interessante que, quando um repórter de Despertai! fez a pergunta: “Muitos de vocês ouvem rap?”, a um grupo de jovens cristãos de raças variadas num subúrbio, a surpreendente maioria disse que sim! “O que gostam no rap?”, perguntou ele depois. “Da batida”, respondeu uma adolescente. “Ela flui fácil e é gostosa de ouvir.” “Dá para dançar”, disse outra. Mas a próxima pergunta teve uma reação bem menos entusiástica: “Será que alguns raps são um problema para os cristãos?”

Depois duma embaraçosa pausa, uma moça admitiu: “Alguns raps são muito, muito sujos.” Outros concordaram relutantemente com ela. De fato, muitos daqueles jovens estavam alarmantemente familiarizados com uma enorme lista de canções objetáveis — canções que promovem a promiscuidade e a perversão em termos escandalosamente descritivos. Alguns reconheceram que muitas dessas canções abusam de linguagem obscena.

Sim, parece que grande parte do rap transmite uma mensagem de rebelião, violência, raiva, racismo e aptidão sexual. O patrocinador de rap Daniel Caudeiron, presidente da Associação de Música Negra do Canadá, que elogia o rap por ser “assoberbantemente positivo”, admite que grande parte do rap é “misógino [contra mulheres], sexista e de vez em quando chulo”. — Maclean’s, 12 de novembro de 1990.

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